O lobo
Graziela Bozano Hetzel
Ilustrações Elisabeth Teixeira
Rio de Janeiro: Manati, 2009

Uma história contada ao menino noite a noite. A presença de um pai, de uma voz presente e acolhedora, nos momentos de medo e solidão. Um lobo que chega e fica, suscita dúvida, mistério, ausência...
Duas histórias se encontram e trazem a partida, os desencontros, a tristeza. Um pai que desaparece e um lobo que fica, não sai de perto. O lobo vai, o lobo volta. Uma história que não foi terminada de contar... Imagens criadas, perdidas, inventadas. A construção de representações simbólicas pela criança.
O silêncio, os espaços em branco nos deixam a pensar. Para onde foi o pai? Ia voltar? E o lobo? O que fazer com o medo? Que história era aquela? Como o imaginário da criança, cheio de inseguranças e hesitações, a narrativa leva o leitor a passear por um mundo fantástico e cheio de afetos.
A metalinguagem e a intertextualidade, marcas das obras literárias, são usadas com cuidado e precisão. Com isso, o leitor se entrega ao conto e o conto entra na vida do leitor, num movimento de troca e de descobertas. As relações pai/filho; leitor/obra; personagem/leitor são permeadas de sentimentos.
As ilustrações em cores da artista Elisabeth Teixeira seguem uma leveza e sugerem encontros e desencontros. Ora em quadros, ora em páginas inteiras, mostram recortes de algumas cenas da história vivida e ouvida pelo personagem. Destaque para as orelhas reforçadas do livro que trazem desenhos minúsculos. Na verdade, há uma capa sobre a capa que cria uma melhor sustentação para o livro.
Ninfa Parreiras
No jardim
Livro de levantar abas
Coleção Que bicho é?
Edições Todolivro, 2006
Coleção Que bicho é?
Edições Todolivro, 2006
Estes dois volumes da Coleção Que bicho é?, impressos em papel cartonado, pontas arredondadas, são livros para os bebês e as crianças menores. Trazem janelas que abrem surpresas para o leitor. São pequeninos e fáceis de serem manuseados.
No volume Na floresta, a criança poderá descobrir minúsculas imagens de animais que vivem nas matas: cobra, macaco. Há outros que vivem em habitats diversos que estão aí incluídos, como o jacaré, o crocodilo, o hipopótamo. De todo modo, proporcionar um contato da criança com bichos que são vistos ao se abrir uma janelinha é interessante. Outro destaque é o uso de onomatopéias que anunciam a chegada de cada animal, como: “Quem é este? Aáa! Aáa! Eu repito tudo!”, para o papagaio. Na primeira infância, o contato com os sons, as imagens, as cores é desencadeador de estímulos para a criança. Nessa etapa do desenvolvimento, conhecer e manusear os livros cria uma relação lúdica e de proximidade entre a criança e o livro. Entre a criança e a leitura/a literatura.
Já no volume No jardim, chegam animais como o coelho, o sapo, o cachorro. E ainda o lobo que estaria mais bem colocado na floresta. O uso de tons claros no fundo de cada página e de desenhos pequenos torna a obra agradável e leve.
Um dos aspectos importantes em obras destinadas aos bebês é o acabamento de cada livro: papel que permita as mordidas e o contato exploratório com as mãos, a boca, os pés. Assim como os brinquedos, os livros são pontes de comunicação da criança pequena com o mundo e possibilidades de constituição de afetos.
Ninfa Parreiras
Alice no País das Maravilhas
Lewis Carroll
Tradução Nicolau Sevcenko
Ilustrações Luiz Zerbini
São Paulo: Cosac Naify, 2010
Com o lançamento mundial do filme Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton, o mercado editorial foi aquecido por edições da obra Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll. No Brasil, vieram as reedições e novas edições da obra traduzida ou adaptada. Ganhamos todos: leitores, editores e os que ainda vão ler Alice.
A novidade deste volume, publicado pela editora Cosac Naify, é, além da tradução do texto integral, sem cortes, o projeto gráfico. A obra foi impressa em forma de uma carta de baralho, com as pontas levemente arredondadas. A partir de fundos de naipes de baralho, o ilustrador recria um universo lúdico que joga com o olhar e a imaginação do leitor. Parabéns aos fazedores dessa obra: escritor, tradutor, ilustrador e editora: juntos formam um time de primeira na concepção gráfica e literária do clássico inglês.
A marca da oralidade foi mantida no texto, na reprodução de versos e de ditos populares. O texto flui, marcado por um cuidado em manter os capítulos originais, as falas das personagens.
Seja na abertura de cada capítulo, seja no texto, uma ilustração de página inteira, de caráter surrealista, surpreende o leitor. Expressões das personagens (humanas, bichos...) somadas a plantas, feitos e descobertas brotam das cartas.
Fica aqui a sugestão para os pais, educadores, crianças, adolescentes, adultos, fazerem um mergulho na história de Alice e seguir com ela um percurso de fantasia e contato com o estranho, o desconhecido.
Ninfa Parreiras
Armando e o mistério da garrafa
Texto e ilustrações Fábio Sombra
Belo Horizonte: Abacate, 2009
Fábio Sombra, escritor, violeiro, ilustrador, é também artista naif. Possui uma obra dedicada ao cordel e ao estudo do folclore: para crianças e adolescentes. Estudioso das culturas populares, o autor tem revelado e inventado histórias bem próximas ao imaginário popular de diferentes povos. Ele já transformou em cordel contos populares de outros países também.
Em Armando, o mistério da garrafa, com estrofes de seis versos, o autor conta a história do jovem Armando e do seu desejo de se tornar poeta e violeiro de modo fácil, sem fazer força. Humor e irreverência marcam o texto, que traz ainda elementos de magia e suspense. Com a abertura do relato na primeira estrofe e o desfecho com um acróstico de Fábio Sombra, o escritor segue os passos de um poema de cordel, com muita rima, ritmo e graça.
A metalinguagem utilizada mostra o caminho trilhado por um cordelista: requer pesquisa ou conhecimento prático da tradição oral. E um recado aos novatos: para fazer versos de cordel é necessário um cuidado com a construção das estrofes e o desenvolvimento do tema.
O personagem Armando, malandro e preguiçoso, não tem esse nome à toa. Está sempre aprontando algo. São Gonçalo, Belzebu, mandinga, um fazendeiro... muita ação e esperteza surgem no desenrolar da história.
As ilustrações em preto e branco investem em caricaturas de personagens, com traços de humor. Mostram cenas rápidas e engraçadas. Lembram as gravuras feitas em madeira e somam movimentos aos versos. Postas na margem direita de cada página acompanham os versos apresentados em um quadro sombreado à esrquerda.
O que não falta na história de Armando (atrapalhadas, risos, surpresas) é o caminho dos heróis e anti-heróis: um mundo de coisas a viver. E para o leitor fica a questão: e o que havia naquela garrafa de Armando?
Ninfa Parreiras
(Resenhas também disponíveis no site do Centro Educacional Anísio Teixeira - CEAT: http://www.ceat.org.br/ em Aquisições da Biblioteca: http://www.ceat.org.br/janelas_index/aquisbibli2010.htm )
Graziela Bozano Hetzel
Ilustrações Elisabeth Teixeira
Rio de Janeiro: Manati, 2009

Uma história contada ao menino noite a noite. A presença de um pai, de uma voz presente e acolhedora, nos momentos de medo e solidão. Um lobo que chega e fica, suscita dúvida, mistério, ausência...
Duas histórias se encontram e trazem a partida, os desencontros, a tristeza. Um pai que desaparece e um lobo que fica, não sai de perto. O lobo vai, o lobo volta. Uma história que não foi terminada de contar... Imagens criadas, perdidas, inventadas. A construção de representações simbólicas pela criança.
O silêncio, os espaços em branco nos deixam a pensar. Para onde foi o pai? Ia voltar? E o lobo? O que fazer com o medo? Que história era aquela? Como o imaginário da criança, cheio de inseguranças e hesitações, a narrativa leva o leitor a passear por um mundo fantástico e cheio de afetos.
A metalinguagem e a intertextualidade, marcas das obras literárias, são usadas com cuidado e precisão. Com isso, o leitor se entrega ao conto e o conto entra na vida do leitor, num movimento de troca e de descobertas. As relações pai/filho; leitor/obra; personagem/leitor são permeadas de sentimentos.
As ilustrações em cores da artista Elisabeth Teixeira seguem uma leveza e sugerem encontros e desencontros. Ora em quadros, ora em páginas inteiras, mostram recortes de algumas cenas da história vivida e ouvida pelo personagem. Destaque para as orelhas reforçadas do livro que trazem desenhos minúsculos. Na verdade, há uma capa sobre a capa que cria uma melhor sustentação para o livro.
Ninfa Parreiras
No jardim
Livro de levantar abas
Coleção Que bicho é?
Edições Todolivro, 2006
Na floresta
Livro de levantar abasColeção Que bicho é?
Edições Todolivro, 2006
Estes dois volumes da Coleção Que bicho é?, impressos em papel cartonado, pontas arredondadas, são livros para os bebês e as crianças menores. Trazem janelas que abrem surpresas para o leitor. São pequeninos e fáceis de serem manuseados.
No volume Na floresta, a criança poderá descobrir minúsculas imagens de animais que vivem nas matas: cobra, macaco. Há outros que vivem em habitats diversos que estão aí incluídos, como o jacaré, o crocodilo, o hipopótamo. De todo modo, proporcionar um contato da criança com bichos que são vistos ao se abrir uma janelinha é interessante. Outro destaque é o uso de onomatopéias que anunciam a chegada de cada animal, como: “Quem é este? Aáa! Aáa! Eu repito tudo!”, para o papagaio. Na primeira infância, o contato com os sons, as imagens, as cores é desencadeador de estímulos para a criança. Nessa etapa do desenvolvimento, conhecer e manusear os livros cria uma relação lúdica e de proximidade entre a criança e o livro. Entre a criança e a leitura/a literatura.
Já no volume No jardim, chegam animais como o coelho, o sapo, o cachorro. E ainda o lobo que estaria mais bem colocado na floresta. O uso de tons claros no fundo de cada página e de desenhos pequenos torna a obra agradável e leve.
Um dos aspectos importantes em obras destinadas aos bebês é o acabamento de cada livro: papel que permita as mordidas e o contato exploratório com as mãos, a boca, os pés. Assim como os brinquedos, os livros são pontes de comunicação da criança pequena com o mundo e possibilidades de constituição de afetos.
Ninfa Parreiras
Alice no País das Maravilhas
Lewis Carroll
Tradução Nicolau Sevcenko
Ilustrações Luiz Zerbini
São Paulo: Cosac Naify, 2010
Com o lançamento mundial do filme Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton, o mercado editorial foi aquecido por edições da obra Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll. No Brasil, vieram as reedições e novas edições da obra traduzida ou adaptada. Ganhamos todos: leitores, editores e os que ainda vão ler Alice.
A novidade deste volume, publicado pela editora Cosac Naify, é, além da tradução do texto integral, sem cortes, o projeto gráfico. A obra foi impressa em forma de uma carta de baralho, com as pontas levemente arredondadas. A partir de fundos de naipes de baralho, o ilustrador recria um universo lúdico que joga com o olhar e a imaginação do leitor. Parabéns aos fazedores dessa obra: escritor, tradutor, ilustrador e editora: juntos formam um time de primeira na concepção gráfica e literária do clássico inglês.
A marca da oralidade foi mantida no texto, na reprodução de versos e de ditos populares. O texto flui, marcado por um cuidado em manter os capítulos originais, as falas das personagens.
Seja na abertura de cada capítulo, seja no texto, uma ilustração de página inteira, de caráter surrealista, surpreende o leitor. Expressões das personagens (humanas, bichos...) somadas a plantas, feitos e descobertas brotam das cartas.
Fica aqui a sugestão para os pais, educadores, crianças, adolescentes, adultos, fazerem um mergulho na história de Alice e seguir com ela um percurso de fantasia e contato com o estranho, o desconhecido.
Ninfa Parreiras
Armando e o mistério da garrafa
Texto e ilustrações Fábio Sombra
Belo Horizonte: Abacate, 2009
Fábio Sombra, escritor, violeiro, ilustrador, é também artista naif. Possui uma obra dedicada ao cordel e ao estudo do folclore: para crianças e adolescentes. Estudioso das culturas populares, o autor tem revelado e inventado histórias bem próximas ao imaginário popular de diferentes povos. Ele já transformou em cordel contos populares de outros países também.
Em Armando, o mistério da garrafa, com estrofes de seis versos, o autor conta a história do jovem Armando e do seu desejo de se tornar poeta e violeiro de modo fácil, sem fazer força. Humor e irreverência marcam o texto, que traz ainda elementos de magia e suspense. Com a abertura do relato na primeira estrofe e o desfecho com um acróstico de Fábio Sombra, o escritor segue os passos de um poema de cordel, com muita rima, ritmo e graça.
A metalinguagem utilizada mostra o caminho trilhado por um cordelista: requer pesquisa ou conhecimento prático da tradição oral. E um recado aos novatos: para fazer versos de cordel é necessário um cuidado com a construção das estrofes e o desenvolvimento do tema.
O personagem Armando, malandro e preguiçoso, não tem esse nome à toa. Está sempre aprontando algo. São Gonçalo, Belzebu, mandinga, um fazendeiro... muita ação e esperteza surgem no desenrolar da história.
As ilustrações em preto e branco investem em caricaturas de personagens, com traços de humor. Mostram cenas rápidas e engraçadas. Lembram as gravuras feitas em madeira e somam movimentos aos versos. Postas na margem direita de cada página acompanham os versos apresentados em um quadro sombreado à esrquerda.
O que não falta na história de Armando (atrapalhadas, risos, surpresas) é o caminho dos heróis e anti-heróis: um mundo de coisas a viver. E para o leitor fica a questão: e o que havia naquela garrafa de Armando?
Ninfa Parreiras
(Resenhas também disponíveis no site do Centro Educacional Anísio Teixeira - CEAT: http://www.ceat.org.br/ em Aquisições da Biblioteca: http://www.ceat.org.br/janelas_index/aquisbibli2010.htm )