O
fim da fila
Ilustrações:
Marcelo Pimentel
Rio
de Janeiro: Rovelle, 2011
Ilustrador conhecido por seus
trabalhos que privilegiam a cultura popular nacional, Marcelo lançou este
belíssimo livro de imagem, em 2011. Ao utilizar as cores preto e vermelho sobre
papel pardo, o artista imprime um ambiente imaginário, com uma mescla de
elementos naturais (bichos, plantas) e outros inventados (pinturas corporais).
Há traços que lembram as artes indígenas de pintura sobre o corpo.
A obra foi selecionada
para a exposição e catálogo White Ravens
2012 (um conjunto de livros de diferentes países que são recomendados para
leitura e tradução), da Biblioteca Internacional da Juventude de Munique
(Alemanha), maior biblioteca de livros para crianças do mundo (http://www.ijb.de/files/whiteravens/wr12/brazil.htm).
Além de valorizar aspectos da nossa brasilidade, como os elementos indígenas e
os bichos brasileiros, essa narrativa sem texto nos coloca em contato com a
nossa própria existência. O começar de novo, o movimento de reeditar a vida.
Em tempos de se discutir a
sustentabilidade, é uma obra que abre o diálogo para pensarmos sobre a existência
dos animais nas nossas florestas, a integração do meio ambiente e dos bichos.
O
urucum e o jenipapo, utilizados pelos indígenas para pintarem o corpo são aqui
lembrados na narrativa visual. Para a criança pequena, o reconhecimento do
corpo é a própria construção da identidade. Ao mesmo tempo, o contato com diferentes
bichos e a transformação que sofrem no corpo, acontece como num jogo de faz de
conta.
Uma
fila que leva a uma brincadeira e ao imprevisível dessa história cheia de
surpresas. Um bicho que cutuca outro bicho. O trabalho de horizontalidade traz
um movimento e um ritmo muito interessantes. Um livro que poderá ser
lido/apresentado aos bebês, às crianças e a todos aqueles que gostam de arte.
Ao final, queremos seguir a fila e ver o que vai acontecer. Isso porque a vida
caminha num movimento contínuo, circular, giratório...
Ninfa
Parreiras