Eu quero ver a lua
Louis Baum
Ilustrações Alarcão
Rio de Janeiro: Rocco, 2012
Editado na
Inglaterra em 1984, Eu quero ver a lua é um dos mais importantes livros publicados para crianças nas últimas
décadas. Nele encontramos a magia da infância e o lirismo da literatura.
Louis Baum, sul- africano residente na Grã Bretanha, é o escritor dessa
consagrada obra agora publicada no Brasil pela Rocco. Jornalista, editor e
escritor fazem dele um grande autor a ser lido pelos brasileiros.
A
sensibilidade com que criou Eu
quero ver a lua nos revela um cuidado e uma escuta ao desejo da criança.
Por que elas nos pedem coisas difíceis? E, algumas vezes, até inexplicáveis?
Por que insistem? Isso está respondido no livro de Baum.
Qual é a
mágica da literatura infantil? O que faz com que os leitores se encantem por um
livro? Os conteúdos? As ilustrações? Certamente, uma boa combinação de texto e
de ilustração. As crianças pedem para que nós, adultos, as ajudemos a entender
a estranheza do mundo, da vida. A entender as coisas estranhas. Na literatura,
esse estranhamento pode se apresentar de formas variadas, algumas vezes lúdicas,
outras vezes metafóricas. E até por meio de repetições estilísticas. É o que
acontece em Eu quero ver a lua.
O querer
ver a lua é uma metáfora da brincadeira, da descoberta do que há de misterioso
no céu de noite. É ter a companhia do pai para ver a lua. Não bastam a ida ao
banheiro, uma fralda limpa, um copo d’água, uma história... A lua é a mais
mágica das criaturas para Arthur. A lua é o brinquedo! E estar com o pai é algo
muito gratificante!
As
ilustrações de Alarcão exploram nuances e tonalidades noturnas e oníricas.
Remetem o leitor ao sonho, uma criação tão próxima da literatura. Ambas são
feitas de linguagens condensadas, simbólicas. Os movimentos dos personagens,
como o balançar a cabeça, o olhar, a lua encoberta de nuvens valorizam a
descoberta e a surpresa.
Nada
melhor para as crianças pequenas que a brincadeira de esconde-esconde. É isso
que escritor e ilustrador fazem nesta obra, numa composição metalinguística com
a própria criação do livro. A fumaça do leite quente, as nuvens no céu, os
cabelos do menino, o papel de parede, o edredom de cobrir, a fumaça das
chaminés reproduzem um movimento de ondas, de imagens não reveladas, de sonhos.
(texto para a editora Rocco, catálogo da FLIP 2012)
Ninfa Parreiras
Escritora e psicanalista